quarta-feira, 15 de julho de 2009

Os "privilegiados" sem privilégios

Como mencionei abaixo, em resposta às muitas frustrações dos pais desta pequena escola situada no conselho de Sintra, o presidente do Conselho Executivo do Agrupamento terá dito que as nossas crianças eram umas privilegiadas. Em quê, pergunto eu, pois raros foram os programas anunciados pelo Primeiro Ministro e/ou Ministra da Educação que foram implementados nesta escola, ou tendo um ou outro sido, foram-no da forma mais desorganizada possível sacrificando os alunos noutros aspectos e simplesmente de forma a poderem aparecer em papel como tendo efectivamente sido implementados.
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Como não gosto de sentir que estão a fazer de mim parva, pois graças a Deus posso ter muitos defeitos, mas parva só o sou quando quero, decidi fazer alguma pesquisa....
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Afinal os privilegiados, ao contrário de outras escolas do agrupamento, não têm Música nem expressão plástica. Afinal os privilegiados têm aulas em bi-horário e os privilegiados têm o grande privilegio de voltar para a escola as 18:15 para ter aulas de Inglês, se quiserem usufruir mais deste "benefício" tão anunciado pelo Primeiro Ministro mas tão mal implementado.
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Revolta-me isto. Revolta-me demais. Afinal somos privilegiados porquê? Porque trabalhamos horas a fio (estamos a falar de um bairro de gente trabalhadora, classe média baixa e média) para poder pagar impostos que depois são gastos a implementar coisas a que os nossos próprios filhos acabam por não ter direito??!!
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Não aceito isto. Não aceito e não vou ficar calada. Posso conseguir pouco, mas pelo menos dores de cabeça ainda hei-de causar a alguns.

terça-feira, 14 de julho de 2009

PROCURA-SE ESCOLA

Procura-se Escola de 2º e 3º ciclo onde a instrução dos alunos seja colocada em primeiro lugar. Onde os professores, bem tratados, estão motivados e verdadeiramente vocacionados para o ensino. Onde existam actividades extracurriculares que ajudem a desenvolver a personalidade dos alunos como um todo. Onde estejam efectivamente implementados os programas que os vários governos anunciam. Onde hajam cadeiras suficientes e não chova nem faça muito frio dentro das salas de aulas no Inverno. Onde seja seguro irem à escola.
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Onde toda a estrutura escolar esteja direccionada para a aprendizagem. De onde um dia as crianças saiam com alguma tristeza e de que se lembrem mais tarde com enorme prazer.
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Agradeço que quem conheça uma escola assim me informe do nome e local dessa escola, de preferência em Portugal Continental (mas neste momento já estou por tudo).
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Dá-se preferência a escolas públicas, pelo simples facto que me farto de pagar impostos, que não sou rica (financeiramente, pois em termos de amor e carinho dos filhos sou bilionária) e pagar escolas privadas para mais de uma criança seria um sacrifício tremendo para a nossa família. Embora não totalmente impossível, iria obrigar a um corte no tempo entre mãe e filhas, algo que acredito extremamente prejudicial para elas.
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Em troca prometem-se alunas que sabem que a aprendizagem/instrução é muito importante, com ânsia por saber cada vez mais e mais. Crianças cuja mãe não tolera faltas de educação para com os professores ou outros e que exige dos seus educandos a todos os níveis. Uma mãe empenhada e activa, disponivel para em tudo participar na formação académica das suas filhas e a ajudar a escola de todas as formas possíveis.
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P.S. Não estou a brincar. Procuro mesmo uma escola assim para poder mudar-me para essa zona de forma a proporcionar às minhas filhas melhores oportunidades. Quem conhecer alguma que preencha estas condições, agradeço que me informem.

Porque há burocratas que se "marimbam" para as crianças

Como uma não vem sem duas, e há quem realmente não está nas funções adequadas, mais uma vez a falta de sensibilidade e preocupação para com as crianças emana pelos poros de alguns (muito) insensiveis burocratas, muito mais preocupados em mostrar resultados em papel que com as crianças do seu agrupamento.
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Como muitas outras escolas neste país, temos a poucos quilometros da Capital do País, uma pequena escola sobrelotada. Apesar dos anúncios feitos pelo Primeiro Ministro, de que todas as crianças passariam a ter entrada para a pré-escola, a ter um horário normal de aulas (9 às 16 ou 17h, nem sei bem), e ao complemento educativo de Inglês, Ginástica e Música, os meninos e meninas desta escola não têm direito a nada disto. Existem 4 salas de aulas, que se desdobram em bi-horário, para poder dar vazão a todos os alunos da zona (para não falar dos que vêm de fora). Sempre com promessas de que a escola seria ampliada, sabe-se agora que afinal, o dito ficou por não dito, e a escola afinal não irá ser ampliada.
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Assim sendo, estas crianças não irão ter direito ao um horário normal, Sr. Primeiro Ministro. Estes meninos não vão poder entrar todos para a pré-escola, Sr. Socrates, porque vêm outros de outras zonas, e os de cá, porque nascem mais tarde (mas dentro do prazo legal) são colocados à margem. As crianças desta escola não têm, nem terão direito a aulas de Música, que todos sabemos serem tão importantes em termos educativos, pela simples razão que o espaço não se multiplica sozinho e o Ministério da Educação não parece estar disposto a fazê-lo pelos alunos.
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Mas, pior que tudo isto, é o facto que as crianças que entram às 7:55h e que saiem às 13h, terão agora de voltar para a escola às 18:30 para poderem sequer ter acesso ao Inglês. Porquê? Porque enquanto anteriormente havia um local onde estas crianças podiam ter aulas de Inglês cerca das 16h, 17h, agora esse local vai ser ocupado. Porque é mais importante ao Agrupamento e/ou à DREL e/ou ao Ministério da Educação apresentar números e dizer que foi implementado mais um complemento que vai beneficiar umas 20 crianças (que suspeito na realidade serem bastante menos) e prejudicar o desempenho escolar de cerca de 100.
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Algúem acredita que estas crianças vão aprender algum Inglês de jeito? Alguém acredita que as professoras de Inglês vão ter condições para ensinar crianças de 6, 7, 8 ou 9 anos, cansadíssimas e saturadas àquela hora da tarde (já noite, no Inverno)?
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A maioria dos pais e encarregados de educação não chega a casa antes das 18 horas. Ou eles próprios ou os ATLs irão ter que levar as crianças, às 18:30, de volta para a escola, ir buscá-los as 19:15. Dar-lhes de comer, tomar banho e deitá-los, pois às 6 e tal, 7 da manhã lá têm os meninos de que estar acordados.
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Alguém no agrupamento está a tentar fazer alguma coisa para resolver este problema das crianças? Alguém quer saber? Algo me diz que é para o lado que dormem melhor.
Actualização: Parece que o meu feeling não estava longe da realidade. Foi-me hoje confirmado que terá sido dito numa reunião que os alunos desta escola são uns privilegiados. Gostaria de saber em quê. Cheira-me que seja pelo facto dos pais se preocuparem com eles e arranjarem tempo para irem às reuniões do agrupamento e envolverem-se na educação dos filhos. Só mesmo nisso...

Prepotência

No dia 5 de Junho deste ano (2009), os pais e encarregados de educação de uma escola primária da zona dita "rural" de Rio de Mouro receberam um comunicado do Ministério de Educação a dizer-lhes que este ano os seus educandos não seriam matriculados na EB 2/3 mais próxima da sua zona de residência, para onde sempre foram reencaminhados, indo em vez disso para uma escola do Cacém mais distante e com mais do dobro dos alunos. Este comunicado foi apresentado 20 dias antes da data das matrículas, não sendo apresentadas quaisquer alternativas para os pais a quem esta alteração repentina tantos transtornos causa. Foi decidido - está decidido.
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Resta ainda dizer, que não existem transportes directos para esta tal escola (enquanto que para a EB 2/3 de sempre existem autocarros directos durante todo o dia), que há a agravante de haver uma via estruturante entre a zona de residência destas crianças e a escola, que o ranking desta escola é PÉSSIMO, que é numa zona muito mais movimentada e que as crianças de 9 e 10 anos de uma zona extremamente calma não estão preparadas para irem e virem sozinhas de zonas tão movimentadas.
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Os Pais e Encarregados de Educação pediram uma reunião à DREL para tentar expor o seu ponto de vista, as suas muitas preocupações. Até hoje, ainda tal reunião não foi agendada.
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Será que os Portugueses não têm o direito de planear a sua vida familiar, sendo informados atempadamente das limitações que poderão vir a enfrentar? Será que os Pais portuguses não têm o direito de ir para os seus empregos descansados, sem se preocuparem com vias estruturantes que os filhos terão que atravessar, com o que lhes possa acontecer aos 9 e 10 anos, ao trocarem de autocarros para chegar a tempo à escola e/ou a casa?
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Será que a falta de respeito que se tem pelas crianças deste país é tanta que em vez de lhes tentar dar mais e melhor estão, em vez disso, determinados a que a classe trabalhadora, média baixa e média desse bairro não tenha direito a uma boa educação? Porque os meninos das escolas privadas certamente não têm este problemas.
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Ah, o aproveitamento académico de cada um depende só de si, dirão alguns muito "politicamente correctos" (com os filhos dos outros), mas na realidade sabemos que isso não é verdade. Como podem as crianças aprender, por mais dedicadas que sejam, no meio de repetentes muitas vezes bastante mais velhos, que teimam em destabilizar as aulas? Como podem os professores sequer ensinar nestas condições?
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Eu não quero só que as minhas filhas passem de ano e que um dia tenham um curso universitário. QUERO MESMO QUE ELAS APRENDAM. Que sejam verdadeiramente cultas, competentes. É para isso que tanto trabalho. Para lhes proporcionar o máximo que me é possível. Não me interessa o superficial. Não as quero "doutoras" e "engenheiras" a tirarem os cursos por fax!
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Pagamos impostos para quê? Não é certamente para podermos dar melhores condições educacionais aos nossos filhos porque muitos programas se anunciam mas aqui, não se vê nenhum a ser implementado. Estas crianças são autênticas cidadãs de segunda.
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Estou preocupada. Preocupadíssima. Queria por tudo proporcionar às minhas filhas, em termos de formação académica, no mínimo, o equivalente ao que me foi proporcionado a mim. Vejo isto muito dificil porque as políticas do Ministério da Educação ou sei lá de quem for, teimam em querer manter as nossos crianças na mó de baixo. Quem não tiver acesso a escolas privadas, está tramado pelo andar da carruagem. Mas talvez seja essa a intenção...afinal não será muito bom para a classe política que nos tornemos demasiado inteligentes, não é?
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Apetece-me gritar, estrabuchar, escrever cartas...será que existe alguma alma caridosa realmente preocupada com o futuro das nossas crianças, do nosso país? Temo que essa instituição ou pessoa não exista. Quer cá, quer na União Europeia.
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Estamos numa desbunda total ...mas eu ainda não estou pronta para desistir.
E há boa maneira portuguesa digo, não, grito: "NÃO ME LIXEM, PÁ!"